A dor crónica é definida como uma dor que dura mais de três meses (2) ou que dura mais do que o período de cura previsto (3). A dor crónica provoca alterações neuroplásticas no sistema nervoso (periférico ou central), que são importantes não só para classificar o mecanismo da dor (nociceptivo, neuropático, nociplástico), mas também para um melhor plano de tratamento, incluindo o tratamento osteopático (4-8).
Estes mecanismos podem ser avaliados através de testes sensoriais quantitativos (QST) 9 , nomeadamente o limiar de dor à pressão (PPT), a somação temporal da dor (TSP) e a modulação da dor condicionada (CPM). O PPT, avaliado numa área dolorosa e não dolorosa, pode diferenciar de forma quantificável a hiperalgesia muscular localizada (sensibilização periférica) da hiperalgesia generalizada (sensibilização central) (8,10). A TSP avalia o processo de wind-up que reflecte excitabilidade do corno dorsal 7,11 e a CPM testa mecanismo inibitório da dor (7,12).
Para além disso, a dor nociplástica não exclui a importância da dor nociceptiva para determinar se existe um mecanismo de dor periférico, central ou ambos, para determinar se o método de tratamento será
top-down, bottom-up ou uma combinação de ambos (13). Além disso, outras alterações da perceção sensorial devem ser avaliadas e incluídas nos programas terapêuticos. Uma destas alterações é a auto-perceção alterada na região posterior do tronco e a acuidade tátil na dor lombar crónica (14-17).
O reconhecimento da dor nociplástica continua a ser difícil na prática clínica. Nos casos de dor crónica, a avaliação dos mecanismos da dor é um passo importante no processo de tomada de decisão para os cuidados individuais, mais do que um diagnóstico (5,8). Atualmente, os QST podem avaliar e identificar os mecanismos da dor utilizando valores de referência que são facilmente transferíveis para a prática clínica. Este
curso está organizado numa componente teórica online com uma componente prática (videos) exaustiva onde os participantes ficarão aptos a desenvolver competências na administração dos QST na prática clínica em várias doenças músculo- esqueléticas crónicas.
Objectivos do curso
– Aumentar o conhecimento da neurofisiologia da dor e utilizar princípios contemporâneos na avaliação e gestão de doentes com dor crónica.
– Reconhecer a utilidade e a promessa do QST na prática clínica para avaliar e diferenciar os mecanismos da dor.
– Discussão de casos clínicos para incluir o processo de decisão clínica no plano de gestão do tratamento com base nos resultados dos QST.
Objectivos de aprendizagem
No final deste curso, os participantes irão:
– Aplicar a investigação que sustenta os testes sensoriais quantitativos na avaliação e tratamento.
– Aprender a realizar testes sensoriais quantitativos em contextos clínicos para várias doenças musculoesqueléticas crónicas.
– Reconhecer apresentações nociplásticas de dor e prováveis áreas plásticas dentro do sistema nervoso central para um plano de tratamento mais eficaz.
– Reconhecer e compreender as variáveis de risco que contribuem para a sensibilização à dor e incorporálas no tratamento dos doentes.
Pesquisa que apoia o curso
Nunes A, Arendt-Nielsen L, Espanha M, Teles J, Moita J, Petersen KK. Bedside clinical tests to assess sensitization in office workers with chronic neck pain. Somatosensory Motor. Research. 2021, ;38(4):357–65. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34635001
Smith, B., Fors, E., Korwisi, B., Barke, A., Cameron, P., Colvin, L., Richardson, C., Rief, W., & Treede, R-D. (2019). The IASP classification of chronic pain for ICD-11: applicability in primary care. Pain, 160, 83-87. http://dx.doi.org/10.1097/j.pain.0000000000001360
Paolucci, T., Attanasi, C., Cecchini, W., Marazzi, A., Capobianco, S. V, & Santilli, V. (2019). Chronic low back pain and postural rehabilitation exercise: a literature review.Journal of Pain Research, 12, 95–107. https://doi.org/10.2147/JPR.S171729s12891-015-0480-y
Arendt-Nielsen, L., Morlion, B., Perrot, S., Dahan, A., Dickenson, A., Kress, H. G., Wells, C., Bouhassira, D., & Drewes, A. M. (2018). Assessment and manifestation of central sensitisation across different chronic pain conditions. European Journal ofPain, 22, 216–241. http://doi.org/10.1002/ejp.1140
Kosek, E., Cohen, M., Baron, R., Gebhart, G F., Mico, J-A., Rice, A. S. C., Rief, W., & Sluka, A. K. (2016). Do we need a third mechanistic descriptor for chronic pain states. Pain,157, 1382-1386. http://doi.org/10.1097/j.pain.0000000000000507Arendt-Nielsen, L., Fernández-de-las-Peñas, C., & Graven-Nielsen, T. (2011). Basic aspects of musculoskeletal pain: from acute to chronic pain. The Journal of Manual & Manipulative Therapy, 19(4), 186–193. http://doi.org/10.1179/106698111X13129729551903
Latremoliere, A., & Woolf, C. (2009). Central sensitization: a generator of pain hypersensitivity by central neural plasticity. The Journal of Pain, 10, 895-926. http://doi.org/10.1016/j.jpain.2009.06.012j.jpain.2014.06.009
O Dr. Alexandre Nunes tem mais de 20 anos de experiência clínica como osteopata. Atualmente, sou coordenador e responsável pelo curso de Licenciatura em Osteopatia do Instituto Piaget e docente na Escola Superior de Saúde da Universidade Atlântica.
Doutorei-me em Reabilitação pela Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa. A tese intitulava-se “Dor nociplástica em trabalhadores de escritório com dor cervical crónica” e incluía testes sensoriais quantitativos. Durante um estágio no SMI – Department of Health Science and Technology da Universidade de Aalborg, sob a orientação do Prof. Kristian Petersen, aprendi a executar estes procedimentos. Uma das nossas publicações utilizou medidas clínicas básicas de cabeceira para determinar a sensibilização em funcionários de escritório com dores crónicas no pescoço.
Condições/Datas
Datas
Duração:
2 Dias
Carga Hóraria:
Sexta-Feira: 18-22H
Sábado: 9-13H 14-18H
Local
• Formação Online
Valor
• 239 €
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